quarta-feira, 30 de maio de 2012

POR QUE FAZER FISIOTERAPIA?



30/05/12
Todo mundo já ouviu falar, mas não sabem quais são todas as áreas dessa profissão e seus inúmeros benefícios.
Katharina vai chegar no mês que vem. E no que depender de sua mãe, Juliane Marinho, tudo sairá como o previsto. Zelosa, a advogada paulistana se desdobra em cuidados com a alimentação desde que soube da gravidez. Também passou a dormir direito. Mas garante que sua grande aliada é a fisioterapia. “As sessões me ajudam a ficar relaxada e com maior flexibilidade”, diz Juliane.
Exercícios na água, atividades para fortalecer os músculos das costas e técnicas para melhorar a respiração são alguns dos procedimentos fisioterapêuticos indicados para as gestantes. Sem falar nos alongamentos, que são capazes até de afastar a hipertensão arterial na gestação — a perigosa pré-eclampsia —, segundo um estudo recente da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. “O profissional pode aplicar movimentos de drenagem específicos para as grávidas, o que também ajuda na pressão ao atenuar inchaços”, afirma a fisioterapeuta Sabrine Pfeiffer, do Hospital e Maternidade São Luiz, na capital paulista. Sempre com o aval do obstetra, as futuras mamães trabalham, ainda, a musculatura pélvica, o que facilita o parto e previne a incontinência urinária, mal que aflige de 10 a 52% das mães quando entram na menopausa. Aliás, quando o xixi escapa por qualquer bobagem, mais uma vez a fisioterapia é bem-vinda. “Em casos assim, uma das técnicas mais difundidas é o biofeedback”, conta a fisioterapeuta Milena Trudes Caires, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Com a ajuda de um equipamento, a paciente aprende a controlar a musculatura do assoalho pélvico, o que facilita na retenção da urina.

São apenas exemplos. A fisioterapia pode ajudar em inúmeras outras frentes. “Mas o fundamental é que o paciente reconheça a finalidade de cada procedimento e aprenda sua importância”, opina Maurício Garcia, fisioterapeuta do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, em São Paulo. Na Espanha, pesquisadores da Universidade de Murcia observaram, em um estudo com 184 pessoas que sofriam com dores crônicas, que a aderência ao tratamento foi maior entre aqueles que receberam explicações detalhadas sobre as técnicas fisioterápicas a que seriam submetidos. E fique claro: ir até o final das sessões é o que faz a diferença. Infelizmente, basta sentir alívio e a maioria dos pacientes fica na tentação de abandonar tudo — um passo em falso que pode custar caro.

Quem já torceu o pé, machucou o joelho ou deu aquele mau jeito na coluna deve se lembrar das sensações dolorosas que, muitas vezes, beiram o insuportável e são mais intensas nos primeiros dias póstrauma. Nessas horas, não há dúvida, a meta da fisioterapia é dar um fim ao sofrimento. E, durante as primeiras sessões, não costuma faltar gelo. É que a temperatura fria diminui a inflamação e combate o inchaço.

Passados os primeiros dias de crise, o especialista analisa uma penca de exames que apontam com precisão a área afetada e o tamanho da encrenca. Assim, elege os melhores aparelhos para tratar a lesão (confira o slideshow: uma mãozinha da tecnologia). Geralmente, são necessárias poucas sessões para que a dor desapareça — e, vale repetir, é aí que mora o perigo.

FIM DO PRIMEIRO MOVIMENTO
Os apreciadores de música clássica sabem que o momento certo para aplaudir é quando soa a última nota de uma sinfonia — nunca antes disso, o que tiraria a concentração da orquestra e atrapalharia todo o andamento. Pode-se dizer que algo parecido se passa na fisioterapia. Concluída a primeira fase, não é certo interromper o tratamento. Ainda é preciso muito trabalho para garantir a perfeita harmonia do corpo. Quando termina a etapa da analgesia — que é como os especialistas definem aquelas primeiras sessões focadas em acabar com a dor —, é a vez de colocar a pessoa nos eixos. “O objetivo é fazer com que o paciente volte a desempenhar as funções com habilidade”, conta Maurício Garcia, que também é coordenador do Centro de Traumatologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp.

O tratamento nunca para antes de se ter certeza disso. “No caso de uma torção, por exemplo, o risco de uma nova lesão aumenta quando as sessões não vão até o fim”, revela a fisioterapeuta Maria Cecília dos Santos Moreira, diretora do Instituto de Reabilitação Rede Lucy Montoro, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É que os sintomas somem antes de o processo de cicatrização interna se completar. Portanto, quando a dor acaba é preciso ter paciência e enfrentar os exercícios para o fortalecimento da musculatura local. “E, claro, em alguns casos, deve-se corrigir a postura e fazer alongamento”, diz a fisioterapeuta Nathassia Orestes, também do Instituto Cohen.

Fortalecer a musculatura e restabelecer o equilíbrio são algumas das prioridades para os pacientes com sequelas de derrame. Só que, no caso deles, a abordagem é diferenciada: “É preciso levar em consideração a região do cérebro afetada pelo problema”, explica a fisioterapeuta Fátima Gobbi, do Centro de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

As primeiras sessões procuram estimular o cérebro para que ele aprenda, outra vez, a realizar determinados movimentos. São sequências de exercícios para restabelecer a coordenação. Aos poucos, o paciente começa a ter domínio do seu tronco, até conseguir parar sentado, sem escorregar.

De acordo com a evolução do indivíduo, é possível incluir exercícios de marcha a partir do momento em que ele já fica sentado sozinho. “Até que a pessoa tenha segurança para caminhar por conta própria, ela recebe apoio”, descreve Jeane Peixoto, do Instituto de Reabilitação Rede Lucy Montoro. Até mesmo em derrames que deixam a vítima de cadeira de rodas para sempre, a fisioterapia é fundamental. Isso porque afasta o risco de a musculatura do corpo se atrofiar, ajustando a postura do cadeirante, por exemplo. Os paraplégicos necessitam do mesmo cuidado, até porque, vivendo sentados, podem viver com inchaços pelo corpo, causados pela má circulação.

Mulheres que passaram por cirurgia para a retirada do seio podem ter o movimento dos braços prejudicado. Além disso, há modificação na anatomia do tórax, que costuma alterar a postura — essa é outra área em que a mãozinha do fisioterapeuta se torna preciosa. Exercícios de alongamento ajudam a evitar tendinites e dores na coluna nessas pacientes. Há ainda a drenagem linfática específica para inchaços que costumam dar as caras no pós-operatório. “A técnica não faz o tumor se espalhar, como se pensava no passado. Isso é mito”, garante Milena Trudes Caires.

DENTRO DO HOSPITAL
Quando se trata de um problema grave, como um câncer ou um rompimento de medula, o ideal é que a assistência do fisioterapeuta comece na unidade de terapia intensiva. Não por menos. Pacientes que passam muito tempo imobilizados tendem a ficar com articulações e músculos comprometidos. “É importante fazer um trabalho de prevenção para evitar danos”, esclarece Ana Lígia Vasconcelos Maida, fisioterapeuta do Hospital Sírio-Libanês. “Pesquisas mostram que a reabilitação diminui pela metade o tempo de permanência na UTI”, revela o fisioterapeuta Sílvio César Autílio, do Hospital e Maternidade São Luiz.

A advogada paulistana Juliane Marinho, de 34 anos, decidiu buscar a fisioterapia para combater dores nas costas, inchaços e até mesmo dificuldades respiratórias típicas de uma gestação. “Hoje não sinto muitos desconfortos, embora meu corpo esteja completamente mudado”, conta. Por causa do peso da barriga e das mamas, as gestantes têm o centro de gravidade alterado, o que pode prejudicar a coluna. Outra modificação comum na gravidez tem a ver com os ligamentos, que, por obra da enxurrada de hormônios, costumam se afrouxar, interferindo no equilíbrio.

“Minha meta é voltar a jogar tênis”, diz Antonio Fernando Seabra, de 70 anos. No final de 2008, o advogado sofreu um acidente vascular cerebral e, desde então, segue as sessões de fisioterapia com disciplina. “Logo que cheguei do hospital, eu não conseguia nem sequer me sentar. Hoje já estou caminhando”, compara. As sessões de Seabra também têm momentos de puro relaxamento. “Aproveito para aliviar as tensões”, conta o mineiro da cidade de Diamantina, que não se cansa de elogiar o time que cuida dele no Centro de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

A empresária paulista Sílvia Cristina Jorio Palma, de 41 anos, desconfia que os treinamentos excessivos de vôlei, na adolescência, estejam por trás das quatro hérnias de disco que apareceram em sua coluna. “Eu não tomava cuidado com minha postura durante os treinos”, conta. Há cerca de um ano, o quarteto de hérnias resolveu tirar o sossego de Sílvia. “As dores se tornaram insuportavelmente fortes.” Depois de conversar com vários ortopedistas, que, inclusive, indicaram cirurgia, ela foi encaminhada ao tratamento fisioterapêutico. Após alguns meses e já sem nenhum sinal de dor, a empresária passou a fazer alongamento, pilates e RPG, ou seja, reeducação postural global.
Fonte: Editora Abril

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