sexta-feira, 24 de agosto de 2012

RELAÇÃO ENTRE CIFOSE DORSAL, DENSIDADE MINERAL ÓSSEA E CONTROLE POSTURAL EM IDOSAS.


Regolin e cols. Relação entre cifose dorsal, densidade mineral óssea e controle postural em idosas. Revista Brasileira de  Fisioterapia, São Carlos, v.14, n.6, pág. 464-9, nov./dez. 2010

         Esse estudo chamou a atenção por ter o objetivo de verificar a relação entre a densidade mineralóssea (DMO), a medida angular da cifose dorsal (curva fisiológica) e o controle postural (equilíbrio estático) de mulheres idosas, através da análise da densitometria óssea, da curvatura da cifose e do uso de plataforma de força (estabilometria), uma vez que a perda de massa óssea e o aumento da angulação cifótica se relaciona com o envelhecimento, e consequentemente, com o elevado número de quedas (controle postural).
         Inicialmente, a pesquisa expõe a relevância do tema, mostrando através de citações de estudos sobre o envelhecimento, as relações da modificação na medida da cifose dorsal, as desvantagens da desmineralizaçãóssea e as alterações no controle postural, principalmente aliado com o déficit na ativação muscular e na propriocepção corporal nas pessoas de idade avançada. Através de duas etapas, iniciando com uma anamnese detalhada, pesquisando histórico de patologias, uso de acessórios para locomoção, estado cognitivo, assim como a medida da cifose e dos dados estabilométricos na plataforma de força, e a segunda parte, a qual foi responsável pela realização dos exames de densitometria óssea, o autor pôde obter os dados de maneira segura e fidedigna, a fim de não prejudicar a integridade física das idosas. Com isso, os dados foram encaminhados à análise estatística para a obtenção dos resultados e suas repercussões.
       A pesquisa foi desenvolvida no laboratório de biomecânica da Universidade Católica de Brasília (UCB) utilizando uma amostra de 95 idosas ativas (mínimo de 50' de atividade física, duas vezes por semana), as quais foram dispostas em 4 grupos distintos (1- com perda de massa óssea e com aumento da cifose dorsal; 2- com perda de massa óssea e sem aumento da cifose dorsal; 3- sem perda de massa óssea e sem aumento da cifose dorsal; 4- sem perda de massa óssea e com aumento da cifose dorsal) nos quais foram alocadas de acordo com a densidade mineral óssea e a angulação da cifose torácica, a qual foi avaliada pelo método flexicurva (método de valor científico semelhante ao exame radiográfico do ângulo de Cobb - normal < 50 graus). Já os dados do controle postural foram obtidos através do uso da plataforma de força e da verificação na variação do centro de pressão dos pés, porém os exames foram conduzidos com as idosas tanto de olhos abertos (OA), quanto de olhos fechados (OF). A partir da obtenção dos dados anteriores, juntamente com a densidade mineral óssea de cada indivíduo, os resultados foram analisados para verificação da relevância estatística diante das variáveis observadas.
       O estudo teve uma amostra com a média de 67,2 anos de idade, apresentando diferença estatisticamente significativa apenas entre os grupos 2 e 4 (0,0127), em relaçãà variável idade, porém quanto à analise do controle postural de OA e OF, os grupos 1, 2 e 4 tiveram diferenças significativas nas variações da direção médio-lateral, com maior deslocamento de OF. Já através da comparação intergrupos, em relaçãà condição de OA e OF, somente a direção AP e entre os grupos 1 e 3 apresentou diferença estatisticamente significativa.
       As variações na medida da cifose dorsal não foram relacionadas com a perda de massa óssea, uma vez que os grupos com ou sem perda não apresentaram diferenças significativas, assim a desmineralizaçãóssea não levaria necessariamente ao aumento da cifose, sendo considerada como um fator de caráter multifatorial, constatação já feita em estudos prévios. Sobre os achados do controle postural e suas relações com a cifose dorsal e a densidade óssea, os grupos 1 (com perda de massa óssea e com aumento da cifose) e 3 (sem perda de massa óssea e sem aumento da cifose) apresentaram diferenças significativas na direção AP, tanto nas tentativas de OA quanto nas OF, com o grupo 1 obtendo as maiores variações nos valores de deslocamento médio. A presente pesquisa ratificou as conclusões de diversos estudos precedentes, os quais verificaram o déficit do controle postural em idosas com baixa DMO e aumento da cifose dorsal.
        Pois bem, a partir do conhecimento da globalidade corporal exposto por Léopold Busquet durante as formações no Método, torna-se simples perceber que com as superprogramações das cadeias musculares, capazes de alterar a angulação da cifose dorsal, por exemplo, as respostas das contrações musculares profundas, em rajadas, ficariam prejudicadas, o que levaria ao déficit no controle postural do indivíduo. Além disso, as restrições do movimento corporal decorrentes das tensões impossibilitam a ocorrência do efeito piezolétrico, o qual é necessário para a reabsorçãóssea, e consequente manutenção da densidade mineral do tecido. O reequilíbrio tensional através do método Busquet é capaz de manter a plasticidade dos tecidos corporais, evitando as alterações nas curvaturas fisiológicas, assim como permitindo o funcionamento harmonioso de todo o organismo.

Randy Marcos
 Professor Assistente - Formação Busquet Brasil

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